|
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a representação dos sinais de diversas profissões em Libras, incluindo os Parâmetros e Componentes, Espaço na Libras e Direção na Libras. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, especialmente se você estiver em um campo que requer comunicação inclusiva e acessível. E, então? Motivado para desenvolver esta competência e tornar-se um elo vital na comunicação entre profissionais de diversas áreas e a comunidade surda? Vamos lá! |
O momento da escolha da profissão é uma fase de dilema na vida de muitos jovens, já que inúmeros fatores influenciam nesta decisão que é tão importante e define o futuro de muitos.
Afeta mais aqueles que já estão prestes a concluir o Ensino Médio ou que têm a necessidade de interromper os estudos por conta de alguma circunstância que interfere na vida financeira familiar.
A imaturidade por conta da idade e a falta de experiência na vida fazem com que a decisão se torne ainda mais difícil, assim, algumas pessoas sentem-se confusas com a influência externa que sofrem.
Alguns fatores que influenciam nesta escolha são:
•família – sem dúvida, os pais têm o poder de auxiliar os filhos na decisão da profissão, e como é uma fase delicada, deve haver bastante diálogo para que não se sintam incompreendidos e desencorajados;
•vislumbre profissional – algumas profissões são vistas como perfeitas por conta do reconhecimento do mercado;
•amigos influenciadores – geralmente na fase da escolha da profissão a amizade entre as pessoas de grupo está intensa o que influencia uma escolha ou outra porque a intenção a princípio é estarem sempre juntas;
•profissão tendência – anualmente, uma nova profissão surge, mas é preciso agir com cautela e jamais por empolgação do momento, porque o que é tendência hoje, amanhã não será mais, daí o arrependimento futuro;
•remuneração – sempre pensar no que vale a pena, se a satisfação do dia a dia e trabalhar com algo que dá prazer ou os ganhos de remuneração; conciliar a satisfação profissional e o sucesso financeiro é o ideal;
•conclusões imaturas – apreciar uma disciplina não indica vocação profissional;
•preconceito – existe e atinge a maioria das mulheres que decidem se profissionalizar em áreas predominantemente masculinas e há homens que não optam por áreas relacionadas à ala feminina por receio do preconceito.
Os surdos são cidadãos que também buscam qualificação, assim como os ouvintes. Alcançar uma posição profissional bem-sucedida ou dar os primeiros passos para a inserção no mercado é uma realidade que também se aplica a eles. Existem algumas ocupações mais acessíveis aos surdos que estão ganhando destaque, como serviços de digitação, tarefas administrativas e docência. Isso contrasta com a ideia anteriormente associada a este grupo, que frequentemente estava relacionada a trabalhos braçais. Isso ocorre porque há áreas que não exigem titulação ou formações específicas e que podem ser realizadas por meio de trabalho manual. Essa oferta de trabalho está alinhada com a Lei n.º 7.853 de 24 de outubro de 1989, relacionada ao Decreto n.º 3.298 de 20 de dezembro de 1999, que estabelece a inclusão da pessoa portadora de deficiência no mercado de trabalho.
Para as instituições que possuem um quadro de mais de 100 funcionários, a Lei n.º 8.213 de 24 de julho de 1991 determina que de 2% a 5% de seus cargos devem ser ocupados por pessoas com deficiência. Para empresas com até 200 funcionários, a cota é de 2%; de 201 até 500 empregados, 3%; de 501 a 1.000, 4%; e acima de 1.001 funcionários, 5%.
A área da informática oferece oportunidades de formação que auxiliam na profissionalização dos surdos. Por exemplo, o curso de informática ministrado pelo Ministério das Comunicações em Brasília já formou 22 jovens ouvintes e oito surdos.
A docência é uma área de interesse para os surdos, onde também podem alcançar reconhecimento profissional. Um número significativo de docentes ministra aulas no Ensino Fundamental, Médio e Superior, contribuindo para a função de instrutor da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS) ou das Secretarias de Educação dos Estados e Municípios, seja por contratação ou nomeação.
Nessas organizações, desempenham a função de professores nos cursos de Libras e em atividades de desenvolvimento cujo objetivo é promover o domínio da língua pelas crianças surdas. Essas atividades têm início na Pré-Escola e se estendem até o Ensino Superior, proporcionando oportunidades de aprendizado para todos os alunos, sejam surdos ou ouvintes.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui uma população de aproximadamente 10 milhões de surdos. A criação de leis que garantem o acesso tem contribuído significativamente para a inclusão dos surdos não apenas em ambientes universitários, mas também em eventos sociais. Isso tem gerado uma crescente demanda pelo profissional de Libras, conhecido profissionalmente como intérprete de Libras, que está ganhando uma visibilidade cada vez maior e sendo requisitado com maior frequência.
Imagem 4.1 – Língua de sinais
Fonte: Freepik
O curso de formação em Letras com habilitação em Libras, oferecido em algumas universidades do Brasil, abrange as titulações de licenciatura e bacharelado. Seu objetivo principal é capacitar profissionais no domínio da língua de sinais. A composição curricular desse curso inclui disciplinas básicas para fornecer uma base sólida de conhecimento. A principal formação dos intérpretes ocorre em escolas e universidades, mas essa área está em crescimento constante e apresenta perspectivas promissoras.
Leis têm garantido a integração das pessoas com deficiência, levando as empresas de grande porte a reservarem uma parcela de suas vagas para esse grupo. Além disso, durante as campanhas eleitorais, é obrigatória a presença de tradutores intérpretes de Libras nas transmissões, assegurando a acessibilidade para todos os eleitores.
O sinal da profissão de jornalista é característico daqueles profissionais que atuam no campo da comunicação. Esses profissionais desempenham diversas tarefas, como conduzir entrevistas, relatar acontecimentos, elaborar matérias e artigos para serem publicados em jornais, revistas e outros meios de comunicação.
Imagem 4.2 – Sinal de jornalista
Fonte: Acervo da autoria (2023).
O sinal da profissão de juiz representa o Magistrado da Justiça, que tem a responsabilidade de julgar e proferir decisões judiciais.
Imagem 4.3 - Sinal de juiz
Fonte: Acervo da autoria (2023).
O sinal da profissão de professor é associado àqueles que desempenham o importante papel de instruir e ensinar disciplinas, auxiliando os estudantes na aquisição de conhecimentos.
Imagem 4.4 – Sinal de professor
Fonte: Acervo da autoria (2023).
O sinal da profissão de instrutor é utilizado para representar profissionais que empregam seu conhecimento em prol da educação, exercendo a função de orientar e instruir estudantes em ambientes escolares, diversos cursos e instituições.
Imagem 4.5 – Sinal de instrutor
Fonte: Acervo da autoria (2023).
O sinal da profissão de diretor é usado para representar a pessoa que comanda e exerce uma das funções de maior responsabilidade na administração de instituições, organizações hospitalares e outras.
Imagem 4.6 – Sinal de diretor
Fonte: Acervo da autoria (2023).
A seguir é possível visualizar os sinais de outras profissões.
Imagem 4.7 – Sinais de profissões em Libras
Fonte: Acervo da autoria (2023).
|
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido a influência de diversos fatores na escolha da carreira, como interesses pessoais, aptidões, valores, pressões sociais e oportunidades educacionais. Esses elementos desempenham um papel crucial na decisão profissional de um indivíduo. Vimos a relação entre pessoas surdas e suas escolhas profissionais, bem como a importância da acessibilidade e inclusão no ambiente de trabalho para surdos, além das áreas que têm se destacado em suas escolhas. Discutimos sobre a carreira de intérprete de Libras e vimos as habilidades necessárias, o papel desse profissional na comunicação entre surdos e ouvintes, bem como as oportunidades de atuação em diversos contextos, como escolas, eventos e serviços públicos. Conhecemos os sinais específicos utilizados em Libras para representar diferentes profissões. Cada carreira tem seus próprios gestos ou sinais característicos, que são essenciais para a comunicação eficaz entre surdos e intérpretes ou outros surdos. Esses sinais contribuem para uma melhor compreensão e comunicação nas interações profissionais. |
|
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a representação em Libras dos meios de comunicação mais usados, tanto tradicionais como digitais, incluindo suas variações regionais e culturais. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, especialmente se estiver envolvido na educação, comunicação ou qualquer campo que exija interação com a comunidade surda. E, então? Motivado para desenvolver essa competência? Vamos lá! |
A linguagem de sinais é um sistema complexo e expressivo, usado pela comunidade surda para representar diversos conceitos do mundo ao seu redor. Os meios de comunicação, sendo parte integrante da vida moderna, têm seus próprios sinais em Libras, permitindo que as pessoas surdas discutam e interajam sobre esses temas (Quadros, 2004).
Os meios de comunicação tradicionais, como jornais, rádio e televisão, desempenham um papel vital na disseminação de informações e na formação da opinião pública. O entendimento desses sinais em Libras é crucial para a inclusão e a participação da comunidade surda nos discursos sociais e políticos.
O estudo desses sinais em Libras não é apenas uma questão de linguagem, mas também uma questão de cidadania, empoderando os indivíduos surdos a se engajarem em conversas e debates que são essenciais para uma sociedade democrática.
Neste contexto, este capítulo busca explorar os sinais em Libras para os meios de comunicação mais tradicionais. Ao entender e praticar esses sinais, o leitor estará apto a discutir e interagir sobre esses temas com a comunidade surda, fortalecendo os laços de comunicação e a compreensão.
Os jornais representam uma das formas mais tradicionais de mídia, desempenhando um papel fundamental na difusão de notícias e informações ao público. Estão geralmente associados à cobertura de eventos atuais, análises políticas, culturais e sociais, bem como ao fornecimento de anúncios e entretenimento. No contexto da comunidade surda, a compreensão dos sinais em Libras para jornais é essencial para a participação ativa nas conversas cotidianas e na compreensão da atualidade.
O sinal em Libras para jornais é feito com ambas as mãos em forma de “C”, movendo-se para abrir e fechar, como se estivesse folheando as páginas de um jornal. Este gesto simbólico captura a ação típica de ler um jornal, facilitando a sua compreensão. Ilustrações ou vídeos demonstrativos podem ser inseridos aqui para dar uma visão clara do movimento.
O rádio é um meio de comunicação que transmite som através de ondas eletromagnéticas. Desde sua invenção no início do século XX, tem sido uma fonte vital de notícias, música, debates e entretenimento. Em muitas comunidades, especialmente onde a televisão ou a internet podem não ser facilmente acessíveis, o rádio continua sendo uma forma essencial de manter-se informado e conectado.
Na comunidade surda, a transmissão de rádio pode ser acessada por meio de interpretações em Libras, sendo assim, conhecer o sinal específico para rádio é importante para uma comunicação eficaz (Quadros, 2004).
O sinal em Libras para rádio é geralmente representado pelo movimento de girar um botão, imitando a ação de ajustar o dial de um rádio antigo. A execução precisa desse sinal pode ser demonstrada por meio de ilustrações ou vídeos.
A televisão é um dos meios de comunicação mais populares e influentes em todo o mundo. Servindo como plataforma para entretenimento, notícias, esportes e cultura, a televisão tem sido uma janela para o mundo desde a metade do século XX. Na comunidade surda, a televisão também desempenha um papel vital, especialmente quando os programas são transmitidos com interpretação em Libras ou com legendas.
O sinal para televisão em Libras é um aspecto crucial para a discussão de temas relacionados a programas, notícias e cultura da televisão em geral.
O sinal em Libras para televisão pode ser representado pela mímica de uma tela retangular, referenciando o formato clássico de um aparelho de TV. As mãos formam o contorno da tela, e o movimento pode variar dependendo da região e da comunidade surda.
A era digital transformou radicalmente a maneira como nos comunicamos, e essas mudanças reverberam de maneira significativa na comunidade surda. Os meios de comunicação digitais e as plataformas de mídia social, em particular, tornaram-se ferramentas indispensáveis para a interação e troca de informações em nossa sociedade interconectada.
No contexto da Língua Brasileira de Sinais (Libras), entender os sinais para esses meios de comunicação é crucial. Essa compreensão permite uma inclusão mais completa, pois a comunicação digital não é apenas uma conveniência moderna, mas um pilar fundamental da participação social e profissional.
A sociedade em rede conecta pessoas de diferentes locais, culturas e backgrounds. Isso significa que os surdos, assim como os ouvintes, precisam estar equipados com as ferramentas linguísticas necessárias para navegar nesse mundo interconectado.
Ao mesmo tempo, a dinâmica em constante mudança dos meios de comunicação digitais exige uma abordagem flexível e adaptável ao aprendizado. A cibercultura redefine continuamente seus próprios limites e práticas, o que exige uma atualização constante dos sinais e do entendimento que os cercam.
A internet, uma complexa rede global que interliga computadores e outros dispositivos eletrônicos, revolucionou nossa maneira de comunicar, trabalhar e aprender. Ela permite o acesso a informações, a realização de negócios e o estabelecimento de conexões sociais, eliminando barreiras geográficas.
No contexto da Libras, compreender o sinal para a internet é crucial, pois a web tornou-se uma ferramenta fundamental na vida diária de muitas pessoas, incluindo aquelas que fazem parte da comunidade surda.
O sinal em Libras para internet é realizado com uma mão em forma de “I” tocando a têmpora, seguido de um movimento que imita a conexão de um plugue. É um sinal que busca representar o acesso e a conexão à rede mundial, e sua execução precisa ser feita com clareza para garantir o entendimento (Quadros, 2004).
O e-mail, ou correio eletrônico, é um dos meios de comunicação mais utilizados atualmente. Permite a transmissão de mensagens escritas e arquivos por meio da internet, tanto em contextos profissionais quanto pessoais. A comunicação via e-mail tornou-se um meio indispensável na era digital, sendo uma ferramenta fundamental nas empresas, instituições de ensino e entre indivíduos.
O sinal em Libras para e-mail é realizado por meio de um movimento específico com a mão que simboliza a ação de enviar uma mensagem. A compreensão desse sinal é essencial para a comunicação com a comunidade surda, especialmente quando se discute temas relacionados à tecnologia e à comunicação moderna (Quadros, 2004).
As plataformas de mídia social, como Facebook, Twitter, Instagram, entre outras, transformaram-se em ferramentas indispensáveis na comunicação moderna. Essas plataformas permitem a interação, o compartilhamento de informações, a expressão de opiniões e a construção de redes de contatos em níveis globais. Em um mundo cada vez mais conectado, as mídias sociais têm relevância tanto no âmbito pessoal quanto no profissional, sendo espaços de engajamento social, político, cultural e comercial.
Na língua de sinais brasileira, cada plataforma de mídia social pode ter um sinal específico ou uma combinação de sinais que representam o conceito associado a ela. Por exemplo:
•Facebook – o sinal pode ser representado por uma combinação dos sinais para “F” e “livro” ou outro sinal popularmente utilizado pela comunidade surda.
•Twitter – representado frequentemente por um sinal que simula o ato de “tweetar” ou escrever uma postagem breve.
•Instagram – pode ser sinalizado por meio de uma representação do ato de tirar uma foto, entre outros.
A variedade de sinais reflete a diversidade e a riqueza cultural da comunidade surda e sua constante adaptação às novas tecnologias e plataformas.
A era digital trouxe uma revolução na forma como nos comunicamos e interagimos, não apenas entre indivíduos, mas também em nossa relação com a informação, entretenimento e, mesmo, com o mundo. Essa constante evolução dos meios de comunicação digital demanda uma adaptação ágil e contínua das formas de expressão, incluindo a língua de sinais.
As línguas, de maneira geral, são organismos vivos e em constante transformação. Elas evoluem para acompanhar as mudanças sociais, culturais e tecnológicas. No contexto da Libras, essa adaptação é especialmente crítica, pois a comunidade surda deve ter acesso e compreensão às novas formas de comunicação que emergem constantemente na sociedade ouvida.
A língua de sinais, assim como qualquer língua, precisa evoluir para incorporar novos conceitos, tecnologias e plataformas. A criação e a adaptação de sinais para representar novas realidades digitais são essenciais para a inclusão e a participação plena da comunidade surda em uma sociedade cada vez mais interconectada (Quadros, 2004).
Por exemplo, a emergência de novas plataformas de mídia social, aplicativos de comunicação, e, até mesmo, novos dispositivos e interfaces requerem o desenvolvimento de novos sinais ou a adaptação dos existentes. Essa necessidade de atualização contínua reflete a dinâmica da comunicação na era digital e reforça a importância da educação e do engajamento com a comunidade surda para garantir que os sinais em Libras estejam alinhados com o panorama atual da tecnologia.
Vamos, então, visualizar alguns exemplos de linguagem em libras de meios de comunicação:
Imagem 4.8 – Sinais de meios de comunicação
Fonte: Acervo da autoria (2023).
Imagem 4.9 – Sinais de meios de comunicação
Fonte: Acervo da autoria (2023).
Imagem 4.10 – Sinais de meios de comunicação
Fonte: Acervo da autoria (2023).
|
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido a importância dos sinais em Libras para os meios de comunicação mais tradicionais, como jornais, rádio e televisão. Esses sinais são fundamentais para discutir e interagir sobre esses temas com a comunidade surda, permitindo uma comunicação inclusiva e eficiente. Aprofundou-se nos sinais relacionados aos meios de comunicação digitais e plataformas de mídia social. Aprendeu sobre a evolução constante das tecnologias de comunicação e como é vital para a língua de sinais se adaptar a essa mudança, garantindo que a conversa em Libras permaneça atualizada e relevante. A aprendizagem desses sinais não apenas enriquece o vocabulário em Libras, mas também abre novas portas para a comunicação e interação com a comunidade surda em diferentes contextos e plataformas. Compreender esses sinais é um passo significativo na direção de uma sociedade mais inclusiva, onde a informação e a comunicação estão acessíveis a todos, independentemente das barreiras auditivas. Esperamos que esse capítulo tenha fornecido as ferramentas necessárias para você explorar, entender e usar esses sinais em suas conversas diárias e profissionais. O domínio desses sinais não só enriquecerá sua habilidade em Libras, mas também fortalecerá a conexão e compreensão entre ouvintes e surdos. Continuemos juntos nessa jornada de aprendizado e inclusão! |
|
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a complexa estrutura dos sistemas de transcrição da Libras. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, especialmente se você trabalha na educação, interpretação ou em campos que requerem comunicação precisa e inclusiva com a comunidade surda. E, então? Motivado para desenvolver essa competência? Com o conhecimento correto, você poderá ser uma ponte mais eficaz entre as línguas de sinais e a língua escrita, facilitando o entendimento e a inclusão. Vamos lá! |
A transcrição em Libras é um processo complexo e multifacetado que vai além de uma simples conversão de palavras em sinais. Ela envolve uma compreensão profunda da Língua Brasileira de Sinais (Libras), da cultura e da comunidade surda.
A transcrição em Libras é o processo de converter a língua brasileira de sinais em texto escrito e vice-versa, o qual não é simplesmente uma tradução literal, pois a Libras tem sua própria gramática e sintaxe que diferem do português escrito (Quadros, 2004).
A transcrição em Libras requer um conhecimento profundo tanto da língua de sinais quanto da língua escrita, pois envolve a compreensão das nuances culturais e contextuais da comunidade surda. Uma transcrição eficaz pode ajudar a promover a compreensão mútua entre surdos e ouvintes, servindo como uma ponte entre esses dois mundos.
A Libras, como qualquer outra língua de sinais, possui sua própria sintaxe, semântica e pragmática. Isso significa que a transcrição não é um processo direto de troca de palavras por sinais, uma vez que pode haver conceitos e contextos na Libras que não têm uma correspondência direta no português escrito, e vice-versa (Quadros, 2004).
Além disso, a língua de sinais é altamente visual e gestual, usando movimentos do corpo e expressões faciais como parte de sua gramática. Portanto, transcrever esses elementos visuais e cinéticos em texto escrito pode ser desafiador.
A transcrição da Libras para a Língua Portuguesa conta com especificidades que viabilizam o entendimento no contato com a língua.
Diferente da Escrita de Sinais, nas palavras da Língua Portuguesa, os itens lexicais são representados em letras maiúsculas.
Vamos aprender com exemplos:
1.Se um sinal se relaciona a duas palavras compostas, na Língua Portuguesa deve-se fazer a divisão com hífen. Ex.: GUARDA-CHUVA.
2.Se dois ou mais sinais fazem referência a uma única palavra na Língua Portuguesa, deve-se usar o sinal de igualdade, para dar o entendimento de que a junção das duas palavras deve dar o sentido de apenas uma, e o acento circunflexo que une ambas cumprem essa função. Ex.: CAVALO^LISTRA= ZEBRA.
Na cabeça do surdo, ocorrerá a associação de que a zebra é um cavalo com listras.
3.Nas condições em que existe transcrição de palavras no modelo do alfabeto manual, a representação deve ocorrer separadamente por hífen.
Por exemplo:
C-o-t-o-n-e-t-e
4.Se ocorrer um suprimento da Língua Portuguesa para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a palavra deve ser destacada em itálico.
Por exemplo:
NÃO
5.A Libras não apresenta termos que representam gênero e número. Nesse caso, usa-se o @ (arroba) no lugar do termo.
Por exemplo:
EL@ - ela ou ele.
ME@ - meu ou minha.
O recurso de transcrição da Libras é compreendido quando dispensamos atenção, porque assim é possível eliminar equívocos por conta dos sinônimos presentes na Língua Portuguesa.
Enquanto a transcrição em Libras lida com a conversão entre Libras e a língua escrita, a Escrita de Sinais é um sistema desenvolvido para representar visualmente a língua de sinais em si. Além disso, é uma forma de escrita que utiliza símbolos para representar os gestos, as expressões faciais e os movimentos do corpo que compõem a língua de sinais.
A Escrita de Sinais permite a documentação, o estudo e a transmissão da língua de sinais de maneira padronizada. Segundo Ferreira-Brito (1995), a Escrita de Sinais é uma ferramenta poderosa para a educação de surdos, pois oferece uma maneira de registrar e analisar a língua de sinais, enriquecendo o processo de ensino e aprendizagem.
No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida legalmente como meio de comunicação e expressão entre os cidadãos, por meio da Lei n.º 10.436, de 24 de abril de 2002.
Reconhecemos a Língua Brasileira de Sinais como um meio de interação, de comunicação e de expressão tanto corporal como facial, cujo recurso linguístico de origem visual-motora, com uma organização gramatical peculiar, participa de um sistema linguístico que transfere conceitos e fatos originários de culturas às quais as pessoas surdas pertencem.
Foi regulamentado, em 2005, o Decreto n.° 5.626 que abarca a Lei n.° 10.436/02, e que descreve como “pessoa surda aquela que, por falta de capacidade auditiva, interage e se comunica com a sociedade por meio de experimentações visuais, expondo sua cultura e costumes essencialmente pelo uso da Libras” (Câmara dos Deputados, 2005, on-line).
A Libras é a língua materna do surdo, a primeira língua usada por ele. Se para nós, ouvintes, a Língua Portuguesa é o nosso idioma materno, para o surdo é a Libras, cuja relevância se dá pela possibilidade de comunicação com as pessoas em circunstâncias parecidas.
Analisando a escrita da Língua de Sinais, uma criança surda não tem habilidade para desenvolver as características da escrita da Língua Portuguesa porque envolve formas da oralidade com a da escrita. Assim, a Língua Portuguesa é a segunda de uso para o surdo, a qual acaba sendo importante para que o surdo se relacione e conheça a cultura dos ouvintes, circunstância que o leva ao bilinguismo.
Dizeu e Caporali (2005, p. 2) referenciam os novos aspectos ligados ao tema, ao afirmarem que “a discussão sobre surdez, educação e língua de sinais vem sendo ampliada nos últimos anos por profissionais envolvidos com a educação de surdos, como também pela própria comunidade surda”. A educação de surdos tem vivido constantes alterações pedagógicas e linguísticas no decorrer da história humana.
Registros datam o século XVIII na Europa como o surgimento do oralismo, progredindo para a Língua de Sinais para pessoa surda. Nessa perspectiva, o surdo era estimulado a oralizar para assim incluir-se na sociedade, mas a metodologia do Oralismo Estrito, tida como forma singular de o surdo interagir, não mostrava resultados eficientes, o que propiciou julgamentos por parte dos que os rodeava.
A comunicação imposta os deixava em uma condição frágil perante a sociedade e, a partir daí, surgiram a persistência por reconhecimento e inúmeras reivindicações pela comunidade surda, requisições quanto a sua linguagem, acesso e interação de forma adequada e sem distinção em sociedade.
O início do século XIX data o reconhecimento dos sinais que representam a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes, um período longo de 100 anos para obter progresso, sempre amparados por modelos de outros países, até chegar, em 1974, ao Sign Writing (SW), com toda sua complexidade gramatical, que envolve o significado das palavras e outros aspectos, evoluindo para o desenvolvimento da sua escrita.
Dificuldade e qualidade cercam qualquer cidadão, inclusive pessoas surdas. Existe uma especificidade de linguagem entre os surdos que infelizmente não é considerada ao se mencionar sobre a escrita dos símbolos representados na conversação, o que obriga a adaptação a uma linguagem que não é espontânea.
Uma realidade que deve ser enfatizada é que a surdez é diferente de outras deficiências não apenas pela incapacidade auditiva, mas também pela complexidade da interação. As dificuldades de comunicação no dia a dia dos surdos é uma circunstância que gera graves efeitos em seu desenvolvimento emocional e cognitivo.
A educação de surdos no Brasil, assim como nosso processo instrutivo, acompanha visões mundiais, debatidas em eventos e congressos por todo o mundo sobre os princípios e metodologias de ensino.
Imagem 4.11 – Escrita de Sinais
Fonte: Stumpf (2005).
A escrita de sinais pode ser elaborada de forma manual pelo surdo ou através do uso de sistema digital. A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) desenvolveu um software para essa finalidade, denominado “SW-Edit”. No entanto, é importante destacar que projeto SignNet foi suspenso, resultando na indisponibilidade do software para download. Isso representa uma perda significativa para a comunidade surda, uma vez que o programa não está mais acessível.
Imagem 4.12 - Escrita de Sinais
Fonte: Stumpf (2005).
A educação dos surdos passa por momentos de progresso linguístico singular quanto ao formato de escrita da linguagem. Um número significativo de surdos é julgado de maneira inadequada, rotulados de iletrados, por não fazerem uso da escrita e da oralidade da Língua Portuguesa e da Língua de Sinais. É necessário cogitar que essa falta de conhecimento não se deve a quesitos individuais porque, no Brasil, a maior parte dos surdos adultos não desbrava a Língua Portuguesa.
Compreende-se que a Língua de Sinais é a língua atingível para o surdo por não representar empecilhos sensoriais e a sua aquisição se dá por meio de imersão linguística em ambiente apropriado, ou seja, no convívio natural desse formato linguístico.
Gesueli (2006) esclarece que
A questão da língua de sinais, portanto, está intimamente relacionada à cultura surda. Esta, por sua vez, remete à identidade do sujeito que convive, quase sempre, com as duas comunidades (surda e ouvinte). Nesse contexto, importa analisar o modo como os sujeitos inseridos em escolas bilíngues se narram como sujeitos da comunidade surda. Assim, o papel do professor surdo e da língua de sinais no ambiente escolar é essencial para que haja construção da identidade surda e, consequentemente, para chegarmos a uma educação eficiente. (Gesueli, 2006, p. 4)
Segundo Peixoto (2006):
Dentre esses processos relacionados à escola e à aprendizagem, a escrita e a leitura parecem ser os que mais demandam essas novas reflexões, principalmente porque (e às vezes exclusivamente) é por meio desses dois processos que a condição bilíngue do surdo se constrói e se revela. (PEIXOTO, 2006, p. 3)
O recurso de escrita SignWriting é complexo, mas adequável à estrutura gramatical da Língua de Sinais. O que conhecemos como alfabeto na língua expressa é estabelecido com configurações de mão na Libras. Sua divulgação é recente no Brasil, especialmente nas organizações de ensino superior, em análises de grupos de pesquisa, prospectos científicos e de extensão.
Os recursos educacionais, além de introduzir a língua em seu processo de aprendizagem como recurso de inclusão, proporciona interação entre surdos e ouvintes, e o ensino da escrita de sinais é inserido como elemento particular à sua comunidade e à sua cultura.
|
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) não é uma simples tradução gestual do português, mas uma língua completa com sua própria gramática e sintaxe. A escrita de sinais é uma parte essencial da comunicação e educação para surdos, permitindo a transcrição da língua de sinais para o texto escrito. Você aprendeu sobre a complexidade e nuances da transcrição em Libras e como é vital para a inclusão e acessibilidade. O oralismo é uma abordagem educacional que enfatiza o uso da fala e da leitura labial para a comunicação, muitas vezes em detrimento da língua de sinais. Este capítulo discutiu as controvérsias e desafios associados ao oralismo e destacou a importância da língua de sinais como uma forma de comunicação rica e culturalmente significativa para a comunidade surda. Conhecer os parâmetros dos sistemas de transcrição da Libras é fundamental não só para comunicar-se efetivamente com a comunidade surda, mas também para compreender a rica tapeçaria cultural e linguística que a Libras representa. A prática e o entendimento desses sistemas podem abrir novas portas de compreensão e respeito pela diversidade linguística e humana. Esperamos que este capítulo tenha enriquecido seu conhecimento e o inspire a continuar explorando e valorizando a beleza e a complexidade da Libras e da comunidade surda. Avante! |
|
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a arte como uma ponte de interação entre surdos e ouvintes. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, seja ela na área da educação, da comunicação, das artes ou qualquer campo que envolva relações humanas e diversidade cultural. E, então? Motivado para desenvolver esta competência? Compreender a arte como linguagem universal e como ela pode ser uma ferramenta poderosa de inclusão e empatia é uma jornada empolgante e enriquecedora. Vamos lá! |
A arte teatral sempre teve um papel fundamental na humanidade, seja como expressão artística, meio de comunicação ou instrumento pedagógico. No contexto da língua brasileira de sinais (Libras), o teatro assume uma dimensão ainda mais profunda, tornando-se um elo vital de conexão, expressão e educação para a comunidade surda.
Há tempos que o teatro segue discussões humanas das questões mais específicas até de âmbito mais preponderante. Problematizações tem gerado soluções para diferentes maneiras de se ver o que rodeia o mundo, pensar e agir.
O teatro é um dos recursos de disseminação cultural relevante, porque traz conceitos e discussões de um grupo que faz parte de um específico contexto histórico, social e político. Por isso, o teatro não apenas visa transmitir uma representação abrangente e consistente do seu apreço pelo entretenimento, mas também se estabelece como uma expressão de arte e de valor estético.
Imagem 4.13 - Encenação teatral
Fonte: Adaptado de G1 (2016).
Um grupo majoritário da população não tem aproximação com esse artefato de produção, em que a própria comunidade surda está na direção, na escrita e desenvolvendo as suas próprias encenações. Essas atividades têm alcançado sucesso com atores surdos e excelentes estruturas. Há um número significativo de produções elaboradas e apresentadas pela comunidade ouvinte, com discussões variadas e diferentes maneiras de declarações e estéticas, as quais os surdos até pouco tempo atrás não acessavam nenhum tipo de mecanismo inclusivo que viabilizasse o acesso a peças teatrais.
As leis estão mudando com a intenção de resguardar a aproximação da comunidade, inclusive referente a formação dos intérpretes de Libras para realizar esse ofício, por conta da falta formação específica.
A palavra teatro origina-se no grego em theatron, e o sentido direciona para uma “propriedade deixada de lado”, porém essencial. É o ambiente em que os que assistem observam uma influência apresentada de outro lugar. Pensando assim, é um ponto de visão no qual há um certo movimento entre os observadores da representação.
|
O uso do teatro na educação de Libras não é apenas uma metodologia inovadora, mas também uma prática eficaz. Através das encenações, os alunos podem vivenciar situações reais de comunicação, fortalecendo a compreensão e a fluência na língua de sinais. As representações cênicas ajudam na internalização dos conceitos e na consolidação das estruturas linguísticas de forma lúdica e significativa. |
O autor fortalece o seu ponto de vista a partir de Girault, que afirma:
O denominador comum a tudo o que se costuma chamar “teatro” em nossa civilização é o seguinte: de um ponto de vista estático, um espaço de atuação (palco) e um espaço onde se pode olhar (sala), um ator (gestual, voz) no palco e espectadores na sala. De um ponto de vista dinâmico, a constituição de um mundo „real” no palco em oposição ao mundo „real” da sala e, ao mesmo tempo, o estabelecimento de uma corrente de „comunicação” entre o ator e o espectador. (GIRAULT apud PAVIS, 2008, p. 373)
É esse o conceito de teatro adotado, para refletirmos uma tradução de Libras em um específico espaço cênico.
Importante pensar em outro conceito com objetivo de complementar o entendimento.
Barthes propõe a discussão da qualidade de teatro quando se fala em teatralidade. Diz que sem o conceito de teatralidade, o entendimento desse universo sofre porque as “espessuras de signos e sensações” representadas na cena em virtude do argumento escrito assemelham-se a uma “espécie de percepção ecumênica dos artifícios sensuais, gestos, tons, distâncias, substâncias, luzes, que submerge o texto sob a plenitude de sua linguagem exterior” (Barthes, 1990).
Assim, teatralidade no contexto do texto dramático refere-se àquilo que é distintamente teatral ou relacionado ao cenário na representação ou no próprio texto dramático, no sentido em que é compreendido.
Desta forma, podemos admitir que a teatralidade está relacionada à expressividade, ao espaço, ao visual e à especificidade da enunciação teatral, definida como “a projeção, no mundo sensível dos estados e imagens que constituem suas molas ocultas [...] a manifestação do conteúdo oculto, latente, que açoita os germes do drama” (Pavis, 2008).
No entanto, ainda percebemos a ocorrência de uma confusão entre dois conceitos próximos e do mesmo campo epistemológico, mas de maneira alguma sinônimos. A fim de sanar essa confusão conceitual, Pavis segmenta e explicita as diferenças entre teatralizar e dramatizar. Para o autor, “teatralizar um acontecimento ou um texto é interpretar cenicamente usando cenas e atores para construir a situação. O elemento visual da cena e a colocação dos discursos são as marcas da teatralização” (Pavis, 2008, p. 132-138).
Já a dramatização faz referência ao deslocamento contrário, o da manutenção do foco na estrutura textual: inclusão e inserção em diálogos, criação de uma tensão dramática e de conflitos entre as personagens, dinâmica da ação (dramática ou épica). Tendo em mente essas distinções, propomos discuti-las nas próximas partes por entendê-las como pertinentes às problematizações para tradução de peças teatrais. Assim, compreende-se a dramatização a partir de uma análise sobre as particularidades do texto dramático; a cena e o aspecto visual que se relaciona tanto ao teatro quanto a Libras. Nessa perspectiva, o conceito de teatralidade e dramatização são de muita relevância para o tradutor de Libras que representará no teatro, pois, a partir desses conceitos, ele poderá perceber que direção deverá conduzir, em momentos específicos, o seu projeto de tradução.
Podemos, então, enumerar a importância do teatro em Libras:
•Para a comunidade surda, o Teatro em Libras representa mais do que entretenimento. É uma forma de expressão cultural e linguística que honra e celebra a Língua Brasileira de Sinais. Através do teatro, a comunidade surda pode contar suas histórias, expressar suas emoções e compartilhar suas experiências de vida em sua língua nativa.
•O Teatro em Libras é um meio de tornar as artes cênicas acessíveis para aqueles que são excluídos das performances tradicionais devido às barreiras linguísticas. Ao oferecer performances em Libras, os teatros abrem suas portas para um público mais amplo, promovendo a inclusão e a diversidade.
•O teatro é um poderoso meio educacional, e o Teatro em Libras não é exceção. Pode ser utilizado para educar tanto a comunidade surda quanto a ouvinte sobre diversos temas, incluindo a cultura e a história surda. Além disso, pode ajudar a aumentar a conscientização sobre as questões e desafios enfrentados pelos surdos, promovendo uma maior compreensão e empatia.
•O Teatro em Libras também desempenha um papel vital na construção e fortalecimento da identidade surda. Ao ver suas vidas e experiências refletidas no palco, os membros da comunidade surda podem sentir um forte senso de pertencimento e orgulho.
•O Teatro em Libras é uma forma de arte inovadora que expande os horizontes do teatro tradicional. Utiliza uma combinação única de linguagem de sinais, expressões faciais, e movimento corporal para criar uma experiência teatral profundamente expressiva e visual.
O Teatro em Libras é mais do que uma mera adaptação do teatro tradicional para uma linguagem diferente. É uma forma de arte dinâmica e multifacetada que atende a propósitos culturais, sociais, educacionais e artísticos. Em um mundo em que a inclusão e a diversidade estão se tornando cada vez mais importantes, o Teatro em Libras representa um passo significativo em direção a uma sociedade mais compreensiva e empática.
Em qualquer produção teatral, a cenografia é um elemento fundamental que contribui para a narrativa e a atmosfera da peça. No contexto das encenações em Libras, a cenografia adquire uma relevância particular, pois a comunidade surda valoriza fortemente a linguagem visual (Lodi; Lacerda, 2009).
A cenografia em Libras não é apenas um fundo estético; é uma extensão da linguagem de sinais, que trabalha em harmonia com os atores para comunicar emoções, contexto e subtexto.
A integração entre a linguagem de sinais e a cenografia exige um entendimento profundo de como a comunidade surda percebe e interage com o espaço. Cores, formas, texturas e iluminação são utilizadas de maneira intencional para complementar os sinais, oferecendo uma experiência teatral rica e imersiva.
Por exemplo, a escolha de cores vibrantes ou suaves pode enfatizar a emoção de uma cena, enquanto a disposição dos elementos no palco pode influenciar a leitura dos sinais, contribuindo para a clareza e a fluidez da comunicação.
A cenografia para encenações em Libras também envolve considerações sobre a acessibilidade e inclusão. A disposição do palco, a iluminação e a visibilidade são planejadas cuidadosamente para garantir que todos os espectadores, independentemente da capacidade auditiva, possam desfrutar plenamente da performance.
O espaço cenográfico desempenha um papel fundamental na atuação do tradutor de Libras em um contexto cênico, pois o cenário orienta o ponto de vista mimético e pictórico da representação visual. A escolha de substituir o termo “cenário” por “cenografia” ocorre, em parte, devido à primeira palavra evocar a simplicidade de um pano de fundo ou carregar o estigma de uma ilusão aspiracional.
Atualmente, o cenário não possui a incumbência mimética, mas toma lugar na sua própria totalidade, transparecendo flexibilidade, expansivo e coextensivo à interpretação do ator e à recepção do público. Com a intenção de exemplificar a questão e facilitar o entendimento, segue incumbências cênicas de um número específico de cenários.
• A iluminação: design de luz - modifica o ambiente do palco, ao flexibilizar, proporcionar texturas, aumentar ou diminuir os espaços, sombrear o palco, a alegria das cores, dá expressividade ao momento. A luz tem uma capacidade de influência como a música, complementa lacunas, altera espaços, e é o único recurso externo que não traz desatenção para os espectadores, agindo objetivamente em sua imaginação, assumindo uma extensão quase metafísica, modalizando e gerando sutilezas. Para o tradutor de Libras, a luz é um fator de suma importância que deve ser levado em consideração no projeto de tradução. A Libras, por ser visual, precisa da luz para ser percebida visualmente, uma iluminação estratégica, em posição de evidência, pode substanciar um projeto de tradução.
Imagem 4.14 – Iluminação teatral
Fonte: Adaptado de G1 (2016).
•Figurino: atribui uma característica ao ator com a evolução da estética viva, esse é o papel inicial desse elemento, é aquele que anuncia o personagem, aproximando-se a outros figurinos pelos tons das cores, das formas, dos cortes, dos materiais, proporciona texturas e padronagens. Todo o figurino deve ser sempre visível ao público e que: “a dificuldade está no fato de tornar dinâmico o figurino: fazer com que ele se transforme, que não se esgote após um exame inicial de alguns minutos, mas que “emite signos” por um bom tempo, em função da ação e da evolução das relações actanciais” (Pavis, 2008).
O figurino não acontece apenas com a pretensão de beleza, mas sim para transmitir significado, contando com a semelhança estética da obra, fazendo com que os seus elementos possam carregar conceitos da personagem e enuncie-os ao público. Assim, devemos problematizar o figurino do tradutor de Libras, o qual, costumeiramente, sugere-se que seja preto - para se dizer neutro, fato que por si só apresenta uma concepção de tradução bastante anacrônica, haja vista que as discussões contemporâneas da tradução apontam para o caráter intersubjetivo e discursivo do traduzir. Dessa forma, pensar o figurino do tradutor, seja para assumi-lo ou para apagá-lo, talvez deva passar por uma reflexão mais profunda, ligada aos outros aspectos teatrais. Percebendo a estética do cenário, do figurino e dos personagens, bem como o projeto de iluminação, é possível que o figurino do tradutor tenha por objetivo destacá-lo ou apagá-lo, mas não meramente omiti-lo por busca da neutralidade. E sim por uma concepção estética.
Imagem 4.15 - Figurino teatral
Fonte: Adaptado de G1 (2016).
Os aspectos cenográficos nas encenações em Libras são uma interseção fascinante entre arte, linguagem e inclusão. Eles demonstram como a cenografia pode ser mais do que um pano de fundo, transformando-se em uma linguagem visual dinâmica que enriquece e amplifica a experiência teatral.
|
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o teatro em Libras é mais do que uma adaptação da linguagem tradicional do teatro; é uma forma de arte única e poderosa que conecta a comunidade surda e ouvinte. Através da incorporação da língua de sinais, expressões faciais e gestos, o teatro em Libras oferece uma experiência rica e inclusiva que respeita e celebra a cultura surda. A cenografia nas encenações em Libras vai além do visual e se integra com a linguagem de sinais para criar uma experiência teatral coesa. A escolha cuidadosa de cores, formas, texturas, e iluminação trabalha em harmonia com os atores, comunicando emoções e contextos. A acessibilidade e inclusão são considerações vitais, garantindo que a cenografia amplie, em vez de restringir, a comunicação. A arte, nesse contexto, é uma ponte de interação verdadeiramente significativa entre surdos e ouvintes. Ela permite que a comunidade surda se expresse em sua própria língua, ao mesmo tempo que abre uma janela para os ouvintes entenderem e apreciarem essa rica forma de comunicação. A capacidade de criar e apreciar o teatro em Libras e entender os aspectos cenográficos específicos não é apenas uma habilidade artística, é uma expressão de empatia, compreensão e respeito pelas diferenças culturais. A arte se torna aqui uma linguagem universal, que transcende as barreiras da audição e fala, conectando as pessoas em um nível mais profundo e humano. |