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Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funcionam os parâmetros da Libras, incluindo os conceitos de espaço, direção e perspectiva. Essa competência será fundamental para o exercício de sua profissão, especialmente se você estiver interagindo com a comunidade surda ou interpretando para ela. Entender os parâmetros da Libras é, portanto, essencial para garantir uma comunicação efetiva e precisa. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! |
A Língua Brasileira de Sinais, como estudado anteriormente, possui uma estrutura gramatical própria, como qualquer outra língua. Não são apenas gestos ou mímicas, todas as marcações e sinalizações realizadas constituem um sentido de expressão. Existem diversos níveis linguísticos a serem considerados: o nível morfológico, que se dedica à análise dos vocábulos de forma isolada; o nível fonológico, que investiga o sistema sonoro de cada idioma; o nível sintático, responsável pelo estudo da estrutura das sentenças; e o nível semântico, que nos permite compreender o significado das palavras. O que vai refletir a variação da Libras em comparação com as outras que também conhecemos é sua modalidade visual-espacial que é representada por sinais diferentes da Língua Oral auditiva que utiliza a palavra. Os gestos e expressões faciais e corporais estabelecem uma relação de compreensão entre os participantes do diálogo. A Língua de Sinais não é única em todos os lugares do mundo, ela sofre variações regionais.
Art 2º […] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (BRASIL, 2005, on-line).
A Língua de Sinais é baseada e desenvolvida no âmbito de maior percepção do surdo, que é a dimensão espacial, com estrutura semântica, sintática e gramatical, mesmo sendo basicamente diferente das línguas escritas e expressadas verbalmente. Quando tratamos de uma língua que não possui sonoridade ficamos mais atentos a perceber de forma singular os processos de sentido. O uso da Libras no cotidiano do surdo minimiza as dificuldades de aprendizagem que ocorrem continuamente em ambientes onde a Língua Oral é imposta.
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Estudiosos dos conflitos linguísticos, cientes da essencialidade da Língua de Sinais, apontam as divergências vivenciados pelos surdos nas situações de inclusão escolar, dadas as razões concernentes à forma peculiar de comunicação e de compreensão do mundo. |
Quando mencionamos os articuladores da Língua de Sinais, afirmativamente pensamos no movimento das mãos, juntamente com outras partes do corpo que compõem o movimento, como a cabeça, a face e o tronco.
Vamos relembrar os parâmetros que formam os sinais em Libras.
São cinco:
•A configuração da mão
A representação seguida pela mão resulta na posição dos dedos. Cada idioma tem seu próprio repertório de configurações, algumas são mais complexas exige exigem treinamento, alongamento dos dedos; outros são mais simples, por não exigir movimento e articulação.
•Ponto ou local de articulação
O ponto ou local de articulação orienta o toque no corpo ou no espaço. Ele é demarcado pela extensão dos braços e acontece acima da cabeça ou também para frente do corpo. Geralmente o tamanho do sinal pode ser comparado à emoção, à intensidade da voz, ao ritmo, tudo isso para que visualmente fique mais perceptível.
•Orientação/direcionalidade
Existem sinais que possuem a mesma configuração, são comuns no ponto de articulação e movimento, se diferenciando apenas na orientação da mão, o que já altera por completo o sinal e o seu movimento.
•O movimento
É comum que não haja sinais estáticos em um local, porém, não livres de movimento, o parâmetro de movimento é maneira como a mão se desloca. Pode ser de forma linear, arqueada, circular, simultânea ou alternada com ambas as mãos, que pode ir para a frente, em direção a direita, esquerda etc.
•Expressão facial e/ou corporal
Também chamados de componentes não manuais: as fisionomias faciais e corporais, vocalizações parciais de palavras e movimentos dos olhos, da cabeça e do corpo, eles têm um papel importante na produção dos sinais, porque complementam o sentido do que está sendo expresso.
É por meio desse parâmetro que inserimos todas as marcas necessárias para articular o sinal, pensar no que é correto em termos de parâmetro para expressar a palavra na qual nos referimos na língua de sons.
Componente oral: são os movimentos realizados com a boca e as bochechas, que complementam a descrição fonológica do sinal.
Posição de sobrancelha e testa: a expressão das sobrancelhas pode ser enrugada, levantada ou manter a posição neutra.
Mais alguns aspectos importantes da expressão facial e/ou corporal é a direção do olhar, a posição do corpo, a posição e/ou o movimento da cabeça, a expressão facial global.
Todos esses parâmetros desempenham uma função diferente, cada um tem o seu lugar, possibilitando a origem a um sinal variado.
A observação a todos os movimentos e o desenvolvimento dos sinais contribui muito para a aprendizagem; entender os parâmetros auxilia na prática e assimilação da língua.
Imagem 3.1 – Parâmetros na Libras
Fonte: Acervo da autora (2023).
As relações gramaticais são verificadas quando observamos o manuseio dos sinais no espaço. As proposições acontecem no interior de um espaço delimitado na frente do corpo, contempla uma área que vai da extremidade da cabeça até os quadris.
A finalização da sentença na Libras é orientada por um intervalo.
A ilustração abaixo demonstra o espaço de efetivação dos sinais.
Imagem 3.2 – Espaço na Libras
Fonte: Acervo da autora (2023).
O local em que se identifica o ponto de articulação é o espaço no corpo em que o sinal é realizado. O espaço de enunciação é o campo que contém todos os pontos inseridos no quadrante de extensão das mãos. Como qualquer Língua de Sinais, a organização visual-espacial é uma característica fundamental e está evidente em todos as situações de análise. Referente ao nível fonológico, um mesmo sinal pode ser realizado em diferentes locais, inclusive no espaço neutro, que é a dimensão localizada na frente do comunicador.
A variação do ponto requerido na área para a execução de um sinal, pode gerar sinais com referentes diferentes.
Veja alguns exemplos:
Imagem 3.3 – Espaço na Libras
Fonte: Wikipedia
Na Figura 1.3 é possível notar que o desenvolvimento de um sinal em um específico ponto na área origina alterações de sentido relacionados a questões semânticas. Para especificar um referente, é praticável produzir um sinal em uma estabelecida localização; se o mesmo sinal for imitado em distintos pontos do espaço, estaremos no domínio morfológico, por conta dos movimentos que aponta uma marcação múltipla e flexão verbal. No estado sintático, a escolha do espaço é examinada para definir combinações gramaticais entre os referentes.
Imagem 3.4 – Direção na Libras
Fonte: Acerto da autora (2023).
Os sinais transmitem uma direção; quando invertidos, podem representar um significado contrário.
As mãos se deslocam em movimentos internos de mão, pulso e também direcionais no espaço.
Imagem 3.5 – Mãos na altura do peito e cabeça
Fonte: Acerto da autora (2023)
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A história presente no filme “O milagre de Anne Sullivan” (The Miracle Worker, 2000), sob direção de Nadia Tass, expõe como a escritora Helen Adams Keller, surda e cega, ultrapassou as suas limitações. Os ensinamentos da professora Anne Sullivan, deficiente visual, a auxiliou, ainda na infância. Helen Keller tornou-se filósofa e jornalista de sucesso. Confira no site disponível no QR code . |
Tratando da perspectiva no âmbito educacional, que inclui as pessoas com surdez, a educação bilíngue é aquela que motiva o aluno a se expressar e sentir-se participante do ambiente escolar, auxiliando-o no exercício cognitivo e treinando as suas habilidades, o que proporcionará interação no meio do grupo social do qual pertence.
Infelizmente a insistência no embate entre a relação no uso individual da Libras e/ou da Língua Portuguesa mantém os alunos surdos longe das escolas, afasta intenções que partem de iniciativas escolares de reconhecimento inclusivo.
O decreto de 5 de dezembro de 2005, sob nº 5.626, garante que as pessoas com surdez têm direito a uma educação formadora em que a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa sejam contempladas no ensino de forma simultânea, porque isso auxilia no processo de desenvolvimento escolar.
Um ambiente que favoreça a aprendizagem a todos os alunos; que estimule a capacidade de idealização de novos pensamentos, conceitos e aprendizagem em sala de aula parte de uma busca de recursos variados; uma metodologia que pratique a vivência onde juntos alunos e professores desenvolvam um raciocínio e cheguem às respostas de seus questionamentos faz com que o aluno desenvolva as suas habilidades.
As aulas devem ser elaboradas por professores das áreas que compõem o quadro de disciplinas da instituição para que construam conhecimentos diferentes.
A confiança no professor é um dos fatores que garantirá o êxito na aprendizagem, dependendo da forma como o profissional o acolhe, o aluno se sentirá respeitado e acatará as informações e o aprendizado transmitido, gerando assim uma relação de troca.
Imagem 3.6 – Aluno surdo em diálogo em Libras
Fonte: Freepik
A estrutura das Línguas de Sinais é caracterizada pela sua natureza visual-espacial, envolvendo a articulação manual, as expressões faciais e as linguagens corporais, o que contribui para a sua naturalidade e complexidade. As línguas são independentes umas das outras. A Língua de Sinais possui uma estrutura gramatical própria, sendo possível notar aspectos linguísticos presentes na fonologia, na morfologia, características sintáticas e semânticas. É possível, assim como em outras línguas, um diálogo fluente e discussões que contemplem temas relacionados a um contexto específico e variado.
Ela não é universal, possui diversas variações regionais. Aqui no Brasil é reconhecida, pelo Decreto de Lei n.º 10.436/2002, como legítimo meio de comunicação e expressão.
Ultimamente diversas manifestações pedagógicas promoveram o uso da Libras nas escolas, propiciando o ensino, já que não é uma língua usual na maioria dos ambientes sociais. Por isso a construção de ambientes educacionais é um desafio pertencente às políticas públicas de inclusão nas escolas no Brasil.
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Aniquilar o passado e querer viver o presente é um trunfo para a cultura surda. Uma vivência na obrigação de aceitar que outros fossem protagonistas de sua história, a opressão que viveram marcou-os de forma triste. Agora, surgem novas conquistas e significações no dia a dia. Se persistirmos com a realidade da época colonial, corremos o risco de registrar uma história de renúncia, de dominação, de lamentos. Há outros caminhos a serem percorridos, que estamos a descobrir e que serão vivenciados e narrados por produzirem uma autêntica história cultural. São lutas de significação, que persistem na busca por uma educação bilíngue, por políticas que contemplem e amparem a Libras, por posições igualitárias para profissionais da área, e muitos outros espaços que propiciem novos sentidos. |
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E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o espaço em Libras não é apenas um aspecto físico, mas também um componente linguístico fundamental que ajuda a dar significado às mensagens. Ele é utilizado para representar locais, pessoas, direções, e até mesmo para expressar conceitos abstratos. Além disso, a direção em Libras é outro parâmetro importante que adiciona nuances e especificidade à comunicação. As direções no espaço de sinalização podem indicar quem está envolvido na ação, o movimento da ação e muito mais. O entendimento desses conceitos é essencial para a competência em Libras, já que eles são a base para muitos aspectos da língua. Portanto, certifique-se de que está confortável com essas ideias antes de passar para os próximos capítulos. Continue praticando, continue aprendendo, e veja sua competência em Libras continuar a crescer! |
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Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a representação do tempo e dos numerais ordinais na língua de sinais brasileira, a Libras. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão, especialmente se você trabalha em ambientes onde a comunicação em Libras é necessária. A ausência desse conhecimento pode levar a confusões e mal-entendidos na comunicação. Entender essas estruturas em Libras, portanto, é um passo crucial para se tornar um comunicador competente nessa língua. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Entender como o tempo e os numerais ordinais são representados em Libras pode parecer desafiador no início, mas com estudo e prática contínuos, você se familiarizará com esses conceitos. Vamos lá. Avante! |
Os números ordinais, em qualquer língua, desempenham um papel crucial na comunicação do dia a dia, permitindo a ordenação de eventos, pessoas ou objetos em uma sequência específica. Em Libras (Língua Brasileira de Sinais), a representação desses números não é uma exceção à regra e se estabelece como um elemento fundamental para a construção do discurso e da compreensão do mundo ao redor do usuário dessa língua.
Os números ordinais em Libras são usados para indicar a ordem de algo em uma série, como “primeiro”, “segundo”, “terceiro” e assim por diante. Seja para indicar a ordem de chegada em uma competição, a posição de um objeto em uma série, ou até mesmo para datar eventos históricos, a compreensão e o uso correto dos números ordinais em Libras são de suma importância.
Por exemplo, a diferença entre comunicar que alguém foi o “primeiro” ou “segundo” em uma corrida pode alterar totalmente a interpretação do ouvinte sobre o evento. Assim, torna-se crucial conhecer e aplicar adequadamente os sinais que representam esses números ordinais na Libras.
No âmbito educacional, os números ordinais também têm um papel significativo. Professores que utilizam a Libras para se comunicar com seus alunos precisam dominar esse aspecto da língua para, por exemplo, organizar as atividades da sala de aula, como a ordem de apresentações ou a sequência de tarefas (Quadros, 2004).
Logo, compreender e usar corretamente os números ordinais em Libras é um aspecto fundamental para uma comunicação eficiente e precisa. No decorrer deste capítulo, exploraremos mais detalhadamente como esses números são representados e usados em Libras.
As expressões que envolvem os numerais ordinais são expostas do primeiro até o nono, que se configuram como cardinais; o que os diferencia são apenas alguns movimentos. Os ordinais, que representam do primeiro até o quarto, realizam movimentos para cima e para baixo; e os ordinais, do quinto até o nono, deslocam-se para os lados. No numeral “dez” não existe alteração intervalar nos ordinais e cardinais.
Ao abordar os números ordinais em Libras, um aspecto que se destaca é a forma como eles são representados em contraste com a língua portuguesa. Essa distinção é importante para evitar possíveis mal-entendidos ou dificuldades de comunicação para aqueles que estão aprendendo Libras e têm o português como referência (Quadros, 2004).
Na língua portuguesa, os números ordinais são representados por palavras – primeiro, segundo, terceiro, e assim por diante. Essa representação é puramente linguística e não possui um componente visual ou espacial intrínseco. No entanto, na Libras, a representação dos números ordinais inclui uma forte componente visual e espacial, e a representação é feita por meio de sinais específicos.
Por exemplo, para indicar “primeiro” em Libras, usa-se o sinal correspondente ao número um, seguido pelo sinal de “ordinal”. Esse sinal tem um movimento específico que o distingue de um número cardinal, e é utilizado em todos os números ordinais. Em contraste, no português, cada número ordinal tem uma palavra única, sem necessidade de um sinal adicional para indicar que é um ordinal.
Essa diferença na representação dos números ordinais entre as duas línguas destaca a necessidade de entender os mecanismos específicos de cada uma para garantir uma comunicação efetiva e precisa. Isso é especialmente relevante para os profissionais que trabalham com a comunidade surda, como intérpretes, educadores e assistentes sociais, que devem ser capazes de compreender e expressar corretamente essas sutilezas linguísticas.
Vejamos:
Imagem 3.7 – Números ordinais
Fonte: Acervo da autora (2023).
Conforme podemos observar, a expressão dos números ordinais em Libras segue um formato relativamente simples, porém distinto da forma como são representados em português. Conhecer essa distinção é crucial para garantir uma comunicação precisa e eficaz na língua de sinais.
A formação de números ordinais em Libras começa com o sinal do número cardinal correspondente, seguido pelo sinal de “ordinal”. Esse sinal é um movimento para baixo e para frente, com a palma da mão voltada para o corpo. Esse movimento é o que distingue um número ordinal de um número cardinal em Libras (Quadros, 2004).
Vamos examinar alguns exemplos:
Para expressar “primeiro” em Libras, você começaria com o sinal para o número um, seguido pelo movimento “ordinal”. Isso sinaliza que você não está se referindo ao número um, mas à posição “primeira”.
Para “segundo”, “terceiro”, “quarto” etc., o processo é o mesmo: comece com o sinal para o número cardinal correspondente e, em seguida, adicione o movimento “ordinal”.
Cabe lembrar que o sinal “ordinal” é o mesmo, independentemente do número ao qual está se referindo. Essa é uma diferença fundamental em relação ao português, em que cada número ordinal tem uma palavra específica.
Essas são as bases para expressar números ordinais em Libras. Ao longo de seu estudo da língua de sinais, você encontrará várias situações em que precisará usar esses sinais, então é importante se familiarizar com eles.
O entendimento do conceito de tempo em Libras é fundamental para a compreensão da língua. A expressão do tempo em Libras não se dá da mesma maneira que no Português, principalmente porque é uma língua visual-espacial. A representação do tempo em Libras, muitas vezes, é feita por meio do espaço de sinalização, que se estende desde o corpo do emissor (Quadros, 2004).
Por exemplo, a diferença entre passado, presente e futuro é indicada pela localização do sinal no espaço. O espaço próximo ao corpo é usado para o presente, o espaço à frente do corpo para o futuro e o espaço atrás do corpo para o passado. A lógica de expressar o tempo dessa forma é intuitiva, pois reflete a maneira como pensamos sobre o tempo, com o futuro à nossa frente e o passado atrás de nós.
Outra peculiaridade é que a ordem temporal em Libras não é rígida como na língua portuguesa. Em Libras, o tempo gramatical é estabelecido no início da frase, a seguir vem o sujeito, verbo e objeto, na ordem SVO. Mas essa ordem pode ser alterada para ênfase ou clareza.
A Libras não contempla variações verbais como na Língua Portuguesa. Para representar o verbo no tempo passado, futuro ou presente, a ação é quem vai determinar, por exemplo, a inserção dos advérbios hoje, amanhã, ontem, semana-passada.
Até aparecer no diálogo um sinal que represente outro tempo além do passado, tudo é interpretado como acontecimento que já ocorreu, ou seja, tempo passado, assim não acontece de a comunicação possuir um sentido ambíguo.
Os sinais que representam uma especificação temporal, geralmente, acompanham uma marcação de passado, futuro ou presente:
Imagem 3.8 – Sinal de passado
Passado
Fonte: Acervo da autora (2023 ).
Imagem 3.9 –Sinal de futuro
Futuro
Fonte: Acervo da autora (2023 ).
Imagem 3.10 –Sinal de presente
Presente
Fonte: Acervo da autora (2023 ).
Poucos desses sinais introduzem essa marca de tempo, não demandando uma sinalização separada, como ocorre nos sinais de ontem e anteontem.
Imagem 3.11 – Sinais de ontem e anteontem
Ontem
Anteontem
Fonte: Acervo da autora (2023 ).
Outros sinais, como “ano”, exigem o acompanhamento de uma sinalização que representam o futuro ou presente. É importante observar que quando mencionamos o passado ele sofre uma mudança na direção do movimento “para frente” e “para trás”, o que já significa “ano passado”.
Imagem 3.12 – Sinal de Ano Passado
Ano Ano-passado
Fonte: Acervo da autora (2023 ).
Imagem 3.13 – Sinal de Próximo Ano
Ano Próximo
Próximo ano
Fonte: Acervo da autora (2023 ).
Para a marcação de tempo, são usados locais no espaço para a articulação dos movimentos. Como pode se observar na figura que representa o sinal de passado, a orientação de movimento é para trás; já no futuro o movimento é para frente; quando se refere ao presente, a movimentação é direcionada para à frente do corpo do sinalizador.
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Uma base significativamente diferente do tempo foi examinada na Língua de Sinais Urubu-Kaapor, Língua de Sinais da cultura indígena Urubu morador da Floresta Amazônica. Para expressar o tempo verbal no futuro, utilizam-se de configurações “para cima”, e o presente, no tronco. |
Importante ressaltarmos, por fim, que, embora ambas as línguas, Libras e Português, possuam mecanismos para expressar tempo, a maneira de fazê-lo é bastante diferente. No Português, a indicação do tempo é feita principalmente através de modificações no verbo ou através do uso de advérbios de tempo. Por exemplo, no passado, diríamos “Eu estudei ontem”, enquanto no futuro, diríamos “Eu estudarei amanhã”.
Em contrapartida, em Libras, a expressão do tempo não depende da alteração do verbo. Como mencionado anteriormente, o tempo em Libras é expresso pelo espaço de sinalização, além do uso de sinais específicos que indicam o tempo, como “ontem”, “hoje” e “amanhã”. Assim, se um falante de Libras quisesse expressar a mesma ideia, ele usaria os sinais correspondentes a “eu”, “estudar” e “ontem” ou “amanhã” na ordem apropriada (Quadros, 2004).
Essa diferença na expressão do tempo entre o Português e a Libras é uma das razões pelas quais a tradução direta entre as duas línguas pode ser desafiadora. Conhecer e entender essas diferenças é fundamental para garantir uma comunicação eficaz na Libras.
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E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que os conceitos de tempo e números ordinais na Libras são expressos de maneiras únicas e distintas do português. Descobriu que o tempo em Libras é expresso por meio do espaço de sinalização e pelo uso de sinais específicos, um aspecto que ressalta a natureza visual e espacial da língua de sinais. Também deve ter compreendido que, ao contrário do português, a expressão do tempo em Libras não depende da alteração do verbo, o que torna a tradução direta entre as duas línguas um desafio. No que diz respeito aos números ordinais em Libras, você deve ter percebido que a representação deles na língua de sinais difere significativamente do português. Aprendeu que, na Libras, a maioria dos números ordinais é expressa adicionando um movimento específico ao número cardinal correspondente, uma diferença crucial que ressalta a necessidade de entender os sinais específicos e as regras gramaticais da Libras para garantir a comunicação efetiva. Esperamos que essas novas habilidades e conhecimentos ajudem você a se comunicar de maneira mais eficaz e eficiente em Libras. Lembre-se, a prática leva à perfeição, então continue praticando os sinais de tempo e números ordinais em Libras para se tornar mais fluente. Avante! |
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Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a utilização de pronomes e expressões interrogativas em Libras, incluindo as estruturas específicas para representar conceitos como quando-passado, quando-futuro, d-i-a, que hora e quanta-hora em libras. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, especialmente se você estiver trabalhando em ambientes onde a comunicação com indivíduos surdos é comum. As pessoas que tentaram usar esses pronomes e expressões sem a devida instrução tiveram problemas ao comunicar-se claramente, compreender as nuances e aplicar corretamente as regras gramaticais específicas da Libras. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! |
O sistema pronominal da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma área de estudo rica e essencial para o entendimento da linguagem. Ao contrário do português, onde os pronomes são expressos verbalmente, em Libras eles são representados por sinais específicos.
A Libras abrange um sistema pronominal que representa as pessoas que fazem parte do discurso, interessante que não existe sinalização de gênero. A facilidade é que quando o pronome está marcado no singular, o sinal que se usa é o mesmo para todos, o que vai orientar a diferença de gênero é a orientação da mão:
Observe:
Imagem 3.14 – Sinais
SINGULAR, DUAL (mão formando o numeral 2).
TRIAL (mão no formato do numeral 3).
QUATRIAL (mão no formato do numeral 4).
PLURAL(fazer o sinal de grupo ou com a mão em configuração e “D” fazendo um semicírculo à frente do sinalizador, apontando para as segundas ou terceiras pessoas do discurso.
Fonte: Acervo da autora (2023 ).
Em Libras, os pronomes pessoais são expressos através de pontos específicos no espaço e direções (Quadros, 2004). Por exemplo, os sinais para “eu” e “você” são estabelecidos pela localização e orientação da palma da mão.
Representa a 1ª pessoa do singular a marcação que aponta para o peito do próprio emissor, que é a pessoa que se expressa:
Imagem 3.15 – Indicação de “eu”
Fonte:Acervo da autora (2023).
Para representar a 2ª pessoa do singular, a marcação que aponta para o receptor da mensagem, que é a pessoa na qual se interage no momento:
Imagem 3.16 – Segunda pessoa, você
Fonte:Acervo da autora (2023).
Para referir-se à 3ª pessoa do singular, há o apontamento para a pessoa que não faz parte do diálogo mas se encontra em algum ambiente próximo.
As expressões interrogativas são elementos fundamentais em qualquer língua para formular perguntas, e em Libras, elas assumem características únicas. Vamos entender como as expressões interrogativas são formadas e utilizadas na Língua Brasileira de Sinais.
1. Estrutura das Perguntas
Em Libras, as perguntas são frequentemente iniciadas com o sinal de interrogação, seguidas pelo tópico da pergunta e depois pela informação que se está questionando. Por exemplo, para perguntar “Que dia é hoje?”, o sinalizador primeiro fará o sinal de interrogação, seguido pelos sinais para “dia” e “hoje”.
2. Tipos de Perguntas
a. Perguntas Sim/Não
As perguntas que esperam uma resposta “sim” ou “não” são acompanhadas de sobrancelhas levantadas.
b. Perguntas WH
Perguntas que utilizam “quem”, “o que”, “onde” etc. são formadas com sobrancelhas franzidas, acompanhadas pelos sinais correspondentes.
3. Expressões Específicas
Algumas expressões interrogativas em Libras, como “QUANDO-PASSADO”, “QUANDO-FUTURO”, “QUE HORA”, “QUANTA-HORA”, têm sinais e expressões faciais específicas que são cruciais para o entendimento.
4. A Importância da Expressão Facial
Em Libras, a expressão facial desempenha um papel crítico nas perguntas, fornecendo contextos e nuances.
•QUE e QUEM são pronomes usados quando se inicia uma frase.
•ONDE e QUEM representam um significado de QUEM-É ou DE QUEM É e são inseridos no final da frase.
Imagem 3.17 – Pronomes interrogativos
Fonte:Acervo da autora (2023 ).
As expressões interrogativas são acompanhadas de uma expressão facial que na verdade é o que indica que está se fazendo uma pergunta.
A compreensão das expressões temporais na Língua Brasileira de Sinais (Libras) é essencial para comunicar-se efetivamente sobre eventos, datas e horários. Dentro desse contexto, as expressões “quando” e “dia” ocupam um lugar especial.
1. A expressão “Quando” em Libras
A expressão “quando” em Libras é usada para questionar ou referir-se a um momento específico no tempo, seja no passado, presente ou futuro.
Forma do Sinal: a mão não dominante aberta, com a palma para cima, enquanto a mão dominante faz um movimento de toque com a ponta do dedo indicador.
Uso em Contexto: por exemplo, em uma pergunta sobre quando ocorrerá um evento específico.
2. A expressão “Dia” em Libras
A expressão “dia” em Libras é usada para indicar um período de 24 horas, e tem variações para se referir a hoje, ontem, amanhã, entre outros.
Forma do Sinal: a mão dominante em forma de “D” toca a parte de trás da mão não dominante aberta.
Uso em Contexto: por exemplo, para falar sobre o que aconteceu em um determinado dia.
3. Conexão entre “Quando” e “Dia”
O entendimento das expressões “quando” e “dia” em Libras permite formular perguntas e respostas sobre eventos específicos, ajudando a estabelecer claramente o contexto temporal.
4. Importância no Cotidiano
Essas expressões são fundamentais para a organização da vida diária, planejamento e comunicação sobre eventos, encontros e datas importantes.
Vamos aos exemplos para facilitar o entendimento:
•Quando passado
Irmão mudar de casa quando-passado?
•Quando futuro
Ele passear Fortaleza quando-futuro?
•D-I-A
Eu aprender Libras escola sua. Você poder D-I-A?
Usa-se dois sinais para verificar as horas.
Podemos usar conforme as ilustrações abaixo.
Imagem 3.18 – Horas
Fonte: Acervo da autora (2023).
Hora, nessa imagem, representa um tempo cronológico. Para completar o entendimento, observa-se a expressão interrogativa no rosto.
Imagem 3.19 – Hora
Fonte: Acervo da autora (2023).
Que hora? O arqueado da sobrancelha induz à pergunta interrogativa. A expressão é essencial, ela define muitas vezes o sentido a ser ao diálogo.
Horas do dia – indica-se os numerais que representam quantidade. Após as 12 horas, a contagem inicia-se novamente: HORA 1, HORA 2, inserindo o sinal TARDE. Geralmente o sinalizador já entende que a marcação se refere ao período da manhã, tarde, noite ou madrugada.
HORA – com sentido de tempo de duração, são feitos formato de círculos em volta da face.
QUANTAS-HORAS – a expressão facial determina a característica interrogativa. Essa pergunta quer dizer quanto tempo se gastará para a execução e uma tarefa.
•FILME COMEÇAR QUE-HORA LÁ?
•VOCÊ DORMIR QUE HORA?
•ASSISTIR FILME QUANTAS-HORAS NOITE?
•CAMINHAR ESCOLA ATÉ PORQUE QUANTAS-HORAS?
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E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que os pronomes pessoais em LIbras desempenham um papel crucial na estrutura da sentença e na identificação dos sujeitos e objetos da conversa. Você aprendeu como esses pronomes são representados em Libras e sua importância na comunicação eficaz. As expressões interrogativas em Libras são fundamentais para a formulação de perguntas. Você estudou a forma e o uso de diferentes expressões interrogativas, como QUANDO-PASSADO, QUANDO-FUTURO, QUE HORA e QUANTA-HORA, e como elas se aplicam em diferentes contextos. Nos aprofundamos nas expressões “quando” e “dia” em Libras, explorando seus significados, suas formas de sinalização e sua importância no cotidiano. Esses sinais são vitais para falar sobre eventos específicos e datas. Por último, você explorou como perguntar e falar sobre horas em Libras. Aprendeu a importância desses sinais na organização da vida diária e como eles diferem do Português. Este capítulo ofereceu uma visão detalhada das complexidades e nuances das expressões interrogativas em Libras, um aspecto vital para a fluência nesta língua. O entendimento desses conceitos não só enriquecerá suas habilidades de comunicação em Libras, mas também aumentará sua compreensão da cultura surda e das práticas linguísticas específicas. |
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Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a complexa e rica estrutura dos classificadores em Libras. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, especialmente se você trabalha na área de comunicação ou educação com pessoas surdas. As pessoas que tentaram usar classificadores em Libras sem a devida instrução tiveram problemas ao transmitir informações precisas e detalhadas, criando mal-entendidos e dificuldades na comunicação. Compreender os tipos de classificadores, sua utilização na construção de sentenças e os desafios e estratégias para o uso eficaz dos classificadores permitirá uma expressão mais clara e eficaz em Libras. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante! |
Os classificadores em Libras são uma parte essencial da língua, permitindo uma expressão mais rica e detalhada. Eles atuam como “pontes” linguísticas que conectam diferentes elementos de uma sentença, tornando a comunicação em Libras mais fluente e compreensível.
Existem vários tipos de classificadores em Libras, cada um com um propósito distinto. Segundo Quadros (2004), os classificadores podem ser divididos em categorias como:
•Classificadores Semânticos: utilizados para representar objetos específicos, como uma pessoa ou um animal. Eles fornecem detalhes sobre a forma, tamanho e movimento dos objetos.
•Classificadores Instrumentais: eles representam como um objeto é manipulado ou usado, como segurar uma xícara ou escrever com uma caneta.
•Classificadores Locativos: esses classificadores são usados para mostrar a localização de objetos no espaço, fornecendo informações sobre onde algo está situado em relação a outros elementos.
•Classificadores de Tamanho e Forma (SASS): utilizados para descrever a forma e o tamanho de um objeto. Os SASS são vitais para a representação precisa dos atributos físicos dos objetos.
Entender esses classificadores é crucial para uma comunicação eficaz em Libras. Os classificadores são mais do que meros sinais; eles são parte integral da gramática de Libras, dando vida e profundidade à língua.
Os Classificadores Semânticos são uma parte essencial da estrutura linguística de Libras, fornecendo informações específicas sobre objetos, como forma, tamanho e movimento. Eles são ferramentas poderosas que possibilitam uma comunicação mais detalhada e expressiva em Libras.
•Forma e Função
Os Classificadores Semânticos representam categorias de objetos que compartilham características semelhantes. Por exemplo, um classificador específico pode ser usado para representar objetos alongados, enquanto outro pode ser aplicado a objetos planos. Esses classificadores não apenas descrevem objetos, mas também suas características, funções e até mesmo seus estados.
•Movimento
Além da forma e função, os Classificadores Semânticos podem representar o movimento de um objeto. Isso é especialmente útil para narrativas em Libras, nas quais o movimento dos objetos pode ser uma parte crucial da história. Os Classificadores Semânticos podem expressar se um objeto está se movendo rapidamente ou lentamente, em linha reta ou em zigue-zague.
•Aplicações na Vida Cotidiana
Na vida cotidiana, os Classificadores Semânticos são indispensáveis. Seja em conversas simples ou em situações profissionais, eles permitem uma descrição precisa e clara de diversos objetos e ações. A competência no uso dos Classificadores Semânticos é vital para a fluência em Libras.
Os Classificadores de Tamanho e Forma (Size and Shape Specifiers - SASS) são subcategorias dos Classificadores Semânticos e têm uma função específica dentro da língua de sinais. Eles são usados para detalhar o tamanho, a forma, a profundidade ou a textura de um objeto ou uma entidade.
Em Libras, os SASS são utilizados para descrever objetos de forma mais precisa e contextual. Eles podem ser usados para representar o tamanho de um objeto, como “grande” ou “pequeno”, ou a forma, como “circular” ou “quadrado”.
Imagine que você quer descrever um prédio alto e estreito. Utilizando os SASS, você pode transmitir essas características exatas, diferenciando esse prédio de outros com formatos diferentes. Isso dá à Libras uma capacidade única de transmitir detalhes visuais.
Para profissionais que trabalham em áreas como arquitetura, design ou engenharia, a compreensão e o uso adequado dos SASS podem ser fundamentais. Eles permitem que os profissionais se comuniquem com precisão sobre detalhes técnicos e específicos.
Os Classificadores Instrumentais são únicos em sua habilidade de representar a maneira como um objeto é manipulado. Por exemplo, eles podem ser utilizados para descrever a ação de dirigir um carro, usando um martelo ou escrever com um lápis.
Comunicar como um objeto é manuseado é uma parte fundamental da descrição de ações na vida cotidiana. Essa capacidade de descrição detalhada torna a Libras uma língua visualmente rica e expressiva, permitindo que informações precisas sejam transmitidas de forma eficaz.
Um exemplo de Classificador Instrumental pode ser encontrado na descrição de comer com um garfo. A mão assume a forma do garfo, representando como o objeto é segurado e utilizado. Outro exemplo pode ser a descrição de pintar com um pincel, em que o movimento e a forma da mão representam a ação específica de pintar.
Para profissionais que trabalham em campos nos quais a demonstração de técnicas manuais é fundamental, como na culinária, arte ou manufatura, a compreensão dos Classificadores Instrumentais pode ser vital.
A utilização dos classificadores na construção de sentenças em Libras desempenha um papel central na estruturação da linguagem. Essa ferramenta linguística permite que falantes de Libras representem objetos, suas características e as relações entre eles de maneira visual e dinâmica.
A complexidade da língua de sinais não reside apenas na representação dos objetos, mas também na forma como esses objetos interagem e se relacionam no espaço. Os classificadores atuam como “verbos de manuseio” ou “verbos locativos” que descrevem ações, movimentos e locais, sendo, portanto, essenciais na construção de sentenças coerentes e completas.
Para compreender como os classificadores são utilizados na construção de sentenças, é vital entender os diferentes tipos, como os semânticos, de tamanho e forma (SASS) e instrumentais, e como eles podem ser empregados em diferentes contextos para transmitir informações específicas.
A construção de sentenças em Libras é um processo intrincado que requer o entendimento da função dos classificadores, da sintaxe e da semântica da língua. Aprofundar-se neste tema é fundamental para quem busca fluência em Libras e uma compreensão mais profunda de como essa língua única funciona.
A construção de sentenças em Libras com classificadores é um processo complexo e sofisticado que reflete a riqueza desta língua visual. Diferentemente das línguas orais, em que os verbos e adjetivos desempenham um papel central, na Libras, os classificadores agem como elementos cruciais na representação de ações, relações espaciais e características dos objetos.
Exemplo 1: Classificador Semântico
Suponha a sentença: “O carro está subindo a colina”. Em Libras, o classificador semântico para veículo seria utilizado para representar o carro, enquanto o movimento da mão mostraria o ato de subir a colina.
Exemplo 2: Classificador de Tamanho e Forma (SASS)
Na sentença: “A garrafa é redonda e alta”, o classificador SASS seria utilizado para representar tanto a forma redonda quanto a altura da garrafa, com sinais específicos para essas características.
Exemplo 3: Classificador Instrumental
Se quisermos dizer: “Ele está escrevendo com um lápis”, o classificador instrumental é usado para representar o ato de manusear o lápis, imitando o movimento de escrever.
Os classificadores em Libras são, portanto, ferramentas versáteis e multifuncionais que vão além da simples nomeação de objetos. Eles podem expressar uma variedade de significados, desde a forma e o tamanho de um objeto até sua localização no espaço e a maneira como é manuseado.
Assim, o domínio dessas estruturas linguísticas é essencial para a compreensão e produção fluentes de Libras, permitindo uma comunicação rica e expressiva, refletindo a realidade tridimensional do mundo ao redor do usuário da língua.
A utilização dos classificadores em Libras é uma área rica e complexa, que pode ser desafiadora tanto para aprendizes quanto para usuários experientes da língua. Os classificadores servem como um meio importante para representar objetos, suas características, e ações relacionadas. No entanto, essa riqueza traz alguns desafios.
Desafios
•Complexidade: a variedade e a complexidade dos classificadores exigem uma compreensão profunda de suas funções e usos.
•Variação Regional: como discutido anteriormente, as diferenças regionais podem tornar o uso de classificadores mais complexo.
•Construção de Sentenças: a incorporação adequada dos classificadores em sentenças exige prática e compreensão das nuances gramaticais.
Estratégias
•Aprendizagem Contextualizada: aprender classificadores dentro de contextos reais e situações de uso pode facilitar a compreensão.
•Prática com Falantes Nativos: a prática com falantes nativos de Libras pode ajudar a entender o uso autêntico dos classificadores.
•Uso de Recursos Visuais: ferramentas visuais e tecnológicas podem auxiliar na compreensão e aplicação dos classificadores.
A compreensão e o domínio dos classificadores são essenciais para uma comunicação eficaz em Libras. Os desafios e estratégias discutidos aqui fornecem um panorama para orientar o aprendizado e o uso dos classificadores na língua de sinais.
A utilização de classificadores em Libras é uma habilidade refinada que requer prática, intuição e compreensão. Os desafios associados a essa área são diversos e incluem:
Uso incorreto de classificadores – um dos desafios mais comuns é o uso incorreto de classificadores. Esse problema ocorre quando um classificador é usado em um contexto onde outro seria mais adequado. Por exemplo, usar um classificador de tamanho quando um classificador instrumental seria mais apropriado.
Dificuldade em escolher o classificador apropriado – há muitos classificadores em Libras, e escolher o mais apropriado para uma situação específica pode ser uma tarefa complexa. Isso requer um entendimento profundo dos objetos, ações ou características que estão sendo descritos.
Variação regional e cultural – as diferenças regionais no uso de classificadores podem levar a confusões. Um classificador usado em uma região pode ter um significado diferente em outra.
Complexidade gramatical – a incorporação adequada dos classificadores dentro das regras gramaticais de Libras é outra área onde os desafios surgem. Uma compreensão insuficiente das regras gramaticais pode levar a erros na construção de sentenças.
Desafios na aprendizagem – para os aprendizes de Libras, a complexidade e a nuance dos classificadores podem ser particularmente desafiadoras. Isso se reflete na dificuldade de adquirir fluência no uso de classificadores.
Esses desafios exigem abordagens educacionais e práticas bem planejadas. Com a devida instrução e prática, os desafios podem ser superados, permitindo a comunicação eficaz e precisa em Libras.
Estratégias de Ensino para Aprendizado Efetivo de Classificadores em Libras (Quadros, 2004):
•Abordagem contextualizada – é crucial ensinar classificadores dentro de um contexto real e significativo. Essa abordagem ajuda os alunos a entenderem quando e como usar diferentes classificadores.
•Uso de materiais visuais e multimídia – a utilização de vídeos, imagens e outras mídias visuais podem enriquecer a experiência de aprendizagem, fornecendo exemplos reais do uso de classificadores.
•Prática e repetição – a prática constante e a repetição ajudam a consolidar o entendimento e o uso correto dos classificadores. Exercícios práticos e simulações podem ser particularmente úteis.
•Ensino colaborativo – a aprendizagem em grupo e a colaboração com falantes nativos de Libras podem proporcionar uma experiência imersiva e autêntica.
•Feedback contínuo – oferecer feedback contínuo e construtivo pode ajudar os alunos a identificar áreas de melhoria e entender melhor os nuances dos classificadores.
•Adaptação às diferenças individuais – cada aluno tem um ritmo e estilo de aprendizagem únicos. Personalizar o ensino para atender a essas necessidades individuais podem ser altamente eficazes.
•Consciência cultural e regional – ensinar sobre as variações culturais e regionais nos classificadores ajuda os alunos a se tornarem comunicadores mais competentes em diferentes contextos.
•Integração da teoria e prática – a integração equilibrada de conceitos teóricos com atividades práticas pode fornecer uma base sólida para o entendimento e aplicação eficaz dos classificadores.
Há variação entre o verbo com e sem flexão:
Imagem 3.20 – Emprego
Fonte: Acervo da autora (2023).
Imagem 3.21 – Emprego e profissão
EMPREGO / PROFISSÃO |
OBJETO |
PESSOA |
....continuidade...... EU PROCURAR EMPREGO. Estou procurando emprego |
.....continuidade...... EU PROCURAR LÁPIS. Eu procurando o lápis. |
....continuidade.... EU PROCURAR VOCÊ! Estava procurando você! |
LIBRAS - MAIORIA PESSOA PROFISSÃO-TRABALHO COMPUTADOR A-N-A-L-I-S-T-A MAIS PROCURAR. A profissão Analista de Sistema é o emprego que todos procuram. |
EU PROCURAR DINHEIRO VOCÊ JÁ ACHAR? Você achou o dinheiro que estava procurando? |
EL@ QUERER EU PROCURAR MA-R-I-A DEL@. Ela quer que eu procure Maria para ela!!! |
3sPROCURAR1s VERS-I 1sAJUDAR3s CONSEGUIR EMPREGO DEL@ Ele me procurou para ver se eu ajudava a arrumar um emprego para ele. |
EU JÁ PROCURAR, PROCURAR MAS ACHAR NÃO CARRO! Procurei, procurei, mas não procurar... achei o carro! |
IH! CHEFE JÁ VIR AQUI PROCURAR VOCÊ... Ih! O chefe veio aqui te procurar... |
Fonte: Acervo da autora (2023).
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No texto “Sistema de flexão verbal na Libras: os classificadores considerados marcadores de flexão de gênero”, Tanya A. Felipe esclarece os classificadores de forma clara e objetiva. Confira e enriqueça os seus conhecimentos no QR code. |
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E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre os diferentes tipos de classificadores na Libras, como os Classificadores Semânticos, Classificadores de Tamanho e Forma (SASS), e Classificadores Instrumentais. Cada tipo desempenha um papel específico na língua de sinais, e compreender essas categorias é vital para a comunicação eficaz em Libras. Nós mergulhamos profundamente na construção de sentenças em Libras usando classificadores. Examinamos como eles podem ser usados em diferentes partes de uma sentença para descrever objetos, ações e ideias. Também enfatizamos a importância de exemplos concretos que ilustram o uso prático dos classificadores na comunicação. Aqui, você descobriu os desafios comuns enfrentados ao utilizar classificadores, como o uso incorreto ou a dificuldade em escolher o classificador apropriado. Também exploramos estratégias de ensino, destacando métodos e técnicas para aprender e ensinar classificadores de maneira eficaz. E, é claro, abordamos a importância da prática constante e da exposição a falantes nativos. A compreensão e a habilidade para utilizar classificadores são componentes cruciais para quem quer se comunicar fluentemente em Libras. Os classificadores são ferramentas poderosas que enriquecem a língua, oferecendo uma maneira dinâmica e visual de expressar conceitos complexos. Se você continuar a praticar e explorar essas ideias, estará bem no seu caminho para se tornar proficiente em Libras. A jornada de aprendizagem é contínua e sempre recompensadora. Avante em sua jornada de descobrimento e domínio da Libras! |